Quando tocamos uma melodia, usamos as notas de uma escala em uma determinada sequência, em um ritmo específico. Ao ouvirmos essa melodia algumas vezes, começamos a reconhecer e passamos a identificar a música toda vez que ouvimos aquela mesma sequência.
A primeira vista, podemos imaginar que o que caracteriza aquela melodia no fim das contas são as notas exatas que a compõem (e o ritmo). Essa noção está correta… em parte.
Tudo é relativo
O que realmente caracteriza a melodia não são aquelas frequências sonoras (notas) exatas, mas a relação que existe entre elas.
Como assim?
Isso quer dizer que se tocarmos um instrumento com todas as notas igualmente desafinadas (ligeiramente mais agudas que o normal, por exemplo), ninguém vai perceber.
(As notas ‘tracejadas’ são as teclas pretas do piano… as ‘sustenidas’)
É claro que se tiver alguém querendo acompanhar a música com um instrumento afinado “corretamente”, as notas dele não vão encaixar e todo mundo vai perceber que tem algo errado. Mas se não tiver outra referência que mostre que a música está toda levemente “desafinada”, acredite: ninguém percebe!
Em última instância, a própria afinação é uma coisa relativa! Imagine uma roda onde 5 pessoas estão todas tocando com os instrumentos levemente mais agudos que o normal, mas todos afinados entre si. Se você chega com seu violão perfeitamente afinado pela referência do Lá 440Hz do seu diapasão, me diga: quem é que está desafinado?
Desafinando um pouquinho mais
O mesmo acontece se ‘desafinarmos’ um pouquinho mais até chegarmos na nota seguinte.
Temos que deslocar todas as outras notas igualmente, mantendo a mesma ‘forma’ entre as linhas verdes.
(Note que agora precisamos de várias notas ‘sustenidas’… todas elas, na verdade!)
E se “rodarmos” a escala mais um pouquinho, tudo bem também!
(E agora só precisamos de duas ‘sustenidas’)
Ou seja: se as 7 notas escolhidas estiverem relativamente dispostas da mesma “forma”, as características da escala se preservam. Então podemos começar a música literalmente de qualquer nota, contanto que as outras notas todas sejam tomadas de modo a manter exatamente a mesma “forma”.
Tonalidade
Dependendo da altura em que se toca a música, dizemos que ela está em uma determinada tonalidade.
Veja o ‘atirei o pau no gato’ em C e em D:
A música tocada na tonalidade de D é toda ela mais aguda do que quando tocada em C. O tom mudou, mas a música é essencialmente a mesma!
Repare que a ‘distância’ entre as notas se mantêm a mesma! É por isso que quando tocamos em D usamos o F# e não o F.
Ué, a música está na tonalidade C, mas começa com a nota G?!
Sim. A música não precisa começar no primeiro grau da escala (no C).
A verdade é que o lugar onde a música começa - a primeira nota - não tem nada de muito especial mesmo. A nota mais importante da escala sabe qual é …?
A última! Isso mesmo, a última! O “Atirei o pau no gato” termina em C!
E se não estiver satisfeito, saiba que o ‘mi-au’ que é gritado no final também é um Dó =)
O centro da escala
E porquê o Dó?!
Aí você vai precisar dar uma lida sobre o que significam os modos Maior e Menor.. Vale a pena! =)