Como vimos, toda escala possui uma nota “mais importante” que as outras, que é a nota que dá nome à escala e à tonalidade da música. É a nota que chamamos de “tônica”.
A tônica da escala que aprendemos na escola (Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó) é o Dó!
Mas porque?
Se temos 7 notas, não podemos tomar qualquer uma delas como centro?
Sim.
Deixe-me falar um pouco sobre como escolhemos a tônica…
Qual das notas deve ser o centro?
Dado que estamos usando uma escala de 7 notas, quantas opções diferentes temos para definir centro? Fácil: sete. =)
Aqui estão as 7 opções de tônica:
Como você pode observar, as notas são exatamente as mesmas, mas a nota mais importante (a tônica) muda. Na figura, isso está representado com uma linha ligeiramente mais grossa.
Você pode imaginar que a primeira é Dó, Ré, Mi, Fa, Sol, Lá, Si, Dó; a segunda é Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó, Ré; a Terceira Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó, Ré, Mi; e assim por diante. A única coisa que muda é onde a escala começa (ou melhor… termina!)
Essas 7 opções de escalas são o que conhecemos como modos gregos, famosos por terem nomes bem esquisitos. Segundo essa nomenclatura, essas seriam respectivamente as escalas de Dó Jônio, Ré Dórico, Mi Frígio, Fá Lídio, Sol Mixolídio, Lá Eólio, e Si Lócrio. (ui)
Eu sei, bem esquisito… =/ Mas não se preocupe, não vamos precisar falar muito mais nesses nomes não… (Você pode ler mais sobre esses modos na wikipedia, se quiser.)
Pra ficar mais fácil comparar, vou girar todas elas (exceto a primeira) pra deixar a tônica sempre alinhada com o ponteiro que marca as 6 horas:
Veja que, olhando todas elas da mesma perspectiva, dá pra ver que nenhuma delas possui a mesma forma. Cada uma tem um desenho diferente. E cada uma possui uma sonoridade diferente também!
Cada uma delas representa um ‘modo’, que pode ser iniciado em qualquer uma das notas. Podemos construir uma escala de Dó Frígio, ou Sol Eólio, ou qualquer outra combinação que quisermos, bastando pra isso escolher o desenho certo e girar ele pra tônica ficar no lugar que a gente escolher…
Por algum tempo se fez música com todos esses modos (na Grécia antiga, dizem). Mas com o tempo, por algum motivo, apenas dois deles sobreviveram na cultura ocidental, e são praticamente os únicos que usamos hoje em dia.
O que não é uma perda tão grande assim, na verdade…
Por quê?
Se você olhar com calma, verá que o modo de F e o de G são muito parecidos com o de C…
…e que os modos de D e de E são muito parecidos com o de A.
Tirando o que começa em B (o Lócrio), todos os outros 6 podem ser reunidos em dois grupos de 3. Esses grupos são os modos modernos que conhecemos como Maior e Menor. =)
Quase isso na verdade… Usando o significado preciso do termo, como é convencionado, o modo Maior é representado pelo desenho do C (Jônio) e o modo Menor pelo do A (Eólio).
(Motivos para essa escolha devem haver vários. Eu mesmo tenho várias hipóteses. Mas também não faz tanta diferença assim.)
A escala no modo Dórico, portanto, pode ser vista como uma escala menor que tem o o 6o grau ‘deslocado pra frente’. E o Frígio como uma escala menor com ao 2o grau ‘deslocado pra trás’. Ou seja, os 3 desenhos possuem uma sonoridade bem parecida, exceto por uma notinha deslocada.
Moral da história
Na prática, acaba sendo muito mais simples (e mais usado atualmente) considerar que nessa escala de 7 notas só existem 2 ‘modos’ - o Maior e o Menor; e que de vez em quando a gente usa essas escalas com uma nota ou outra ‘deslocadas’ pra criar uma sonoridade um pouco diferente.
Ou seja, se você ainda não tem muita familiaridade com as escalas Maiores e Menores ‘normais’, não adianta muito se preocupar com as outras.
Agora que você já sabe que elas existem, coloque-as na gaveta por um tempo e vamos nos divertir com essas duas, que já dão muuuuuito pano pra manga =)