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8 dicas para aprender música se divertindo 27/04/2013

Música exige muita prática, e a melhor forma de praticar muito é gostar muito de praticar. Aqui estão algumas dicas de como aliar a pratica à diversão e fazer seu estudo render de verdade!

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Aprender música significa aprender um monte de coisas. Se nos limitarmos apenas ao aprendizado motor, para conseguir mover os dedos e fazê-los tocar as notas certas no tempo certo, já teremos um belo caminho pela frente!

Tente imaginar quantas vezes esse cara teve que repetir a música até conseguir tocar isso certinho desse jeito:

Pode apostar: ele repetiu isso centenas de vezes!

Taí um ponto do qual poucas pessoas discordariam: pra tocar bem um instrumento é necessário uma boa dose de persistência… Será?

Talvez… Vamos com calma.

Antes de mais nada é preciso definir o que significa tocar bem. E isso acho que é assunto (no mínimo) para um post inteiro.

Em seguida (e este sim é o assunto de hoje) precisamos investigar um pouco a palavra persistência.

Sim, acredito que pra tocar bem é preciso praticar muito. Mas persistência é algo que a gente precisa pra fazer coisas chatas ou difíceis… e praticar música não precisa ser nenhum dos dois!

Imagine uma criança vidrada, jogando video game por oito horas seguidas. Ela pratica muito e acaba ficando muito boa em jogar aquilo. Mas será que ela precisou ser persistente?

A educação musical possui tradicionalmente esse estigma de ser difícil e exigir muita persistência e disciplina. Me vem à cabeça a imagem da mulher do século XIX, usando espartilho e fazendo aulas de piano à base de palmatória. Dramático hein… =]

Some-se a isso o nosso sistema educacional pós-industrial, onde aprendizado e prazer são coisas completamente dissociadas, e está feita a merda.

Quantas pessoas você conhece que adorariam tocar um instrumento mas que simplesmente acreditam que ‘não nasceram pra isso’? Que tristeza… =(

Pra mim, o melhor jeito de aprender música (e talvez qualquer outra coisa) é se divertindo o máximo possível!

Vou deixar outro vídeo aqui, pra contrapor àquele primeiro e fazer você pensar um pouco nisso primeiro. Veja a cara dela e tente imaginar se ela se divertiu aprendendo isso…

Priorizando a Diversão

Não há dúvida, pra tocar bem você precisa tocar muito. Em termos de quantidade mesmo… horas de vôo! E pra tocar muito (sem palmatória), o único jeito é você gostar muito de tocar.

E cá pra nós, não é esse mesmo o seu objetivo? Se divertir?

Mas como você pode praticar de um modo divertido? Vou tentar enumerar algumas dicas

1) Aprenda a tocar músicas que você gosta.

Gosto, sabe com é… Cada um tem o seu. =]

Quando você pensou em aprender a tocar pela primeira vez, aposto que estava em um momento de catarse, ouvindo uma música que gostava muito! Imagino que você deve ter visto ou ouvido seu ídolo tocando, ficou arrepiado e passou dias se imaginando fazendo a mesma coisa, tocando a mesma música.

Se você gosta de ouvir Rock, e sonha em entrar em uma banda de Heavy Metal, então procure um professor que te ensine isso! Ficar um semestre tocando Atirei o Pau no Gato e Ciranda Cirandinha pra aprender as posições básicas vai matar a sua motivação!

Você não precisa começar com músicas difíceis e complicadas. Sempre tem músicas mais simples, ou trechos de músicas que você consegue começar a arranhar em poucos dias, e que vão te dar uma dose extra de ânimo pra vencer as primeiras dificuldades.

Mas se você não achar músicas simples…

2) Simplifique as músicas

Sem frescura! Você não precisa tocar de primeira cada notinha daquele solo na flauta, ou fazer no violão aquele acorde de bossa nova que dá nó nos dedos, nem nada dessas coisas.

Tire umas notas fora! Deixe aquele dedilhado de lado. Toque um acorde de Fá simples em vez do Fá com sexta, sétima e nona e baixo em Lá. Faça um ritmo de marcha, quadradão, em vez da batida sincopada do baião…

Tenho várias dicas de como simplificar as músicas. Escrevo mais depois.

Se você tentar tocar as músicas que você gosta nos mínimos detalhes, igualzinho está na gravação, você vai levar semanas pra tocar a primeira frase, semanas pra tocar a segunda… E isso é chato demais! O bom é tocar a música toda, ainda que simplificada, e poder mostrar pros outros, cantar junto, etc.

Em vez de priorizar os detalhes, tente criar uma versão sua, simples o bastante pra que você progrida rápido e se divirta. Ainda que o primeiro arranjo não fique tão bonito, pelo menos você vai ficar animado e tocar todo dia… com o tempo você vai incrementando a música…

3) Priorize a Continuidade

A música, pra soar bem, tem que ter continuidade. Tem que ir levando a gente no embalo. Tem que atender às nossas expectativas, sobretudo as rítmicas. Senão a gente se desconcentra, se desinteressa… fica chato.

Quando estiver começando a tocar uma música, mais importante do que tocar todas as notas é tocar contínuo. Tente evitar de ficar dando paradinhas pra achar o lugar do dedo ou pra corrigir uma nota que não soou como você gostaria.

Se errou uma nota, ou se esqueceu a letra, passe por cima do seu erro. Ignore. Finja que não errou, e retome lá na frente, como se a música tivesse continuado. Porque de fato o que acontece é que, ainda que suas mãos não acompanhem, a música continua ‘tocando’ na sua cabeça e na de quem estiver ouvindo.

É tudo uma questão de prioridades. Aprenda a priorizar a continuidade em relação à exatidão das notas. Depois você vai ajeitando, treinando uma passagem aqui outra ali e vai melhorando.

4) Aprenda várias músicas ao mesmo tempo

Como o negócio é se divertir, e tocar muito, você não pode ficar sempre na mesma música. Senão enche o saco. Ainda que você só esteja conseguindo tocar um pedaço de uma música, ou tocando ela bem simplificada, o ideal é não se deixar cansar.

Toque o pedaço que você está estudando, repita, repita, erre, conserte… Cansou? Dá uma paradinha pra descansar e começa a tirar outra música, pra não se cansar daquela.

5) Corra por fora

Se você está estudando com um professor, ele provavelmente vai ter um método, um repertório, um programa. Se você escolheu esse professor, imagino que esteja gostando do método (senão troque!). Então siga a orientação dele, e estude o que foi combinado.

Mas não pare por aí! Cumpriu a obrigação, agora se divirta! Toque outras coisas que você gosta, compre revistinhas e livros de partituras das músicas que você gosta, aprenda outras músicas com seus amigos…

Além disso, ainda que você ache que não consegue (deixe de besteira!)…

6) Tente tirar de ouvido

A imitação é o processo de aprendizado mais natural de todos. É como a gente aprende a falar quando é criança, e é como você mais vai aprender a tocar!

No começo você pode sentir certa dificuldade. Não vai conseguir fazer o ritmo certinho ou tirar os acordes todos que o cara toca na gravação… Mas tente tirar uma nota aqui outra ali… Pegue o baixo do violão. As notas que o saxofone faz no acompanhamento. Tire as notas da melodia… Tente!

Você não vai acertar de primeira, mas o processo de tentar, procurar, é muito rico e vai te ajudar a desenvolver um monte de habilidades legais.

Nada contra (ou quase nada ;-]) os métodos baseados em leitura, mas treinar o ouvido pra imitar é uma habilidade insubstituível.

7) Improvise

Eu disse como quem não quer nada mais acima, mas a verdade é que as primeiras aulas de violão que tive foram pra tocar Marcha Soldado e Cai Cai Balão. Na época eu não tinha nenhuma dessas visões que estou escrevendo, mas algumas coisas eu aprendi bem cedo.

Nos primeiros dias, aquelas duas músicas até que deram pano pra manga… Fiquei brincando com dois acordes, tentando tirar os dedos de uma posição e ‘monta-los’ na outra. Mas logo esse primeiro desafio foi vencido e a coisa ficou bem chata… Marcha Soldado e Cai Cai Balão não são as música mais legais do mundo, cá pra nós… =/

Mas como eu estava empolgado, comecei a brincar com a coisa e fui modificando o ritmo das músicas, a batida… Tocava Marcha Soldado com ‘batida’ de Legião Urbana… Depois ia pro Cai Cai Balão e tentava tocar pesadão, como se fosse Heavy Metal… O negócio é brincar!

O resultado é que toquei essas duas musiquinhas por umas três semanas, e de quebra ainda treinei um monte de ritmos diferentes com a mão direita.

Agora… é claro que ninguém podia me ver tocando aquelas coisas ridículas. =) No começo, uma coisa que é muito importante é…

8) Toque Sozinho

Como disse, tocar envolve um monte de habilidades. E uma das mais importantes (e muitas vezes negligenciada) é o preparo emocional. Tocar sozinho é uma coisa. Tocar pros outros verem é outra bem diferente!

Se tiver alguém olhando, e a gente não tiver confiança suficiente, nossa atenção vai pro brejo. E aí não tem como estudar…

Quando estiver aprendendo, é muito muito muito muito muito (já deu pra entender né?) muito importante ter um espaço isolado, só seu, onde você tenha certeza que ninguém vai te ouvir. Só assim você vai conseguir ficar à vontade e praticar sossegado, concentrado. E portanto, só assim você vai conseguir se divertir.

Eu já toco há quase 20 anos, já toquei na frente de muita gente, já passei por muita situação constrangedora. Mas até hoje reservo meus momentos solitários pra tocar… Ainda que minha mulher esteja cansada de me ouvir tocar, quando estou sozinho, sozinho mesmo, sem ninguém em casa, é quando eu mais gosto de tocar.

Ficar à vontade pra pagar o mico que quiser é importantíssimo! Mas é claro que não adianta só tocar isolado…

9) Toque pros outros

No fim das contas, a habilidade social de desprendimento e cara de pau é parte fundamental do aprendizado musical. Pretendo escrever um post só sobre isso mais pra frente, mas vale fechar essa lista com essa nona dica ‘de brinde’.

Não deixe de mostrar pros outros o seu progresso. Não precisa mostrar pra um monte de gente de uma vez. Mostre pra um amigão com quem você se sente mais confortável, pra sua companheira, pra sua mãe (que vai sempre achar bonito mesmo…) Mas mostre!

Também não espere a música estar perfeita, ou completa. Aprenda os dois primeiros acordes, acostume-se um pouco com o seu Marcha Soldado, e já mostre logo pra pessoa que for mais fácil… Depois disso vai ser mais fácil mostrar pra segunda, pra terceira e por aí vai.

Desaconselho fortemente seguir o modelo tradicional de ensaiar isolado um repertório com várias músicas até que fiquem perfeitas, pra só no fim do semestre enfrentar o medo todo de uma vez em uma audição, com um monte de gente estranha…

Não é assim que se faz!

Custo benefício

Gosto de pensar o aprendizado musical como um empreendimento qualquer. A gente investe uma dose de dedicação e esforço, e espera receber algo em troca, como recompensa.

Pra algumas pessoas, a recompensa é tocar pra namorada e ganhar um beijo, pra outros é se o centro da atenção numa rodinha de amigos, pra outros é tocar sozinho em casa à noite e ficar ‘viajando’ em um concerto intimista.

Seja lá qual for o seu objetivo, aprenda a dosar a quantidade de esforço investido, e a quantidade de diversão que está tendo em troca. Esse é o princípio por trás de todas essas dicas… Se precisar, releia todas elas com esse olhar.

Otimizar o custo-benefício significa investir o mínimo possível e receber de volta o máximo possível o quanto antes!

Chega de conversa. Vamos tocar um pouco? ;-)

Se preferir ler mais…

Você já parou pra pensar sobre o que significa aprender música?

E sobre quais são os seus objetivos com a música?

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