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Formação de acordes: entenda de uma vez por todas! 11/05/2014

Você já leu sobre formação de acordes, mas tudo continua parecendo apenas um quebra-cabeças sem sentido? Vou apresentar o assunto de uma forma diferente. Pra começar, vamos conhecer o 'esqueleto' dos acordes.

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Dependendo do quanto você já saiba sobre música, talvez você queira ler antes sobre intervalos, escalas ou tonalidade

Os acordes são normalmente descritos na literatura musical tradicional como

um conjunto de notas que são tocadas simultaneamente.

O que é um tanto… impreciso, eu diria. As notas de um acorde não precisam exatamente ser tocadas simultaneamente. Assim como o fato de as notas terem sido tocadas simultaneamente não significa que elas formem um acorde.

O que de fato importa entender a respeito de um acorde é sua estrutura e sua relação com a escala e com os outros acordes da tonalidade. Só assim será possível saber que acordes devem ser usados em uma música, por exemplo.

Para isso, a primeira coisa que precisamos entender é de onde eles vêm. Ou seja, que notas fazem parte do acorde? Como elas são escolhidas?

Essas questões são as primeiras, as mais básicas, que nos levarão à nomenclatura dos acordes e à linguagem comum que será fundamental para que possamos começar a falar sobre a relação entre os acordes, coisa e tal.

De onde vêm as notas que formam um acorde?

Quais notas podemos escolher, pra começo de conversa? Quais estão disponíveis?

A princípio, parece fácil concluir que são as 12 notas que existem. Ledo engano. Pra nossa alegria, os acordes são formados com notas escolhidas dentre as 7 notas de uma dada escala. Ou seja: o acorde é um elemento que só existe dentro de uma escala.

Um acorde não tem sentido próprio, por si só. Ele precisa ser entendido dentro de um contexto. O acorde de Em na tonalidade de D, por exemplo, tem um papel completamente diferente do que o que ele desempenha em C. E ainda será diferente se estivermos no tom de G.

Uma definição um pouco mais precisa do que a que apresentei no início poderia ser:

Os acordes são grupos de notas afins, tomadas de uma dada escala.

Notas afins em que sentido? Afins exatamente no sentido das consonâncias, como expliquei no post passado. As notas de um acorde são tomadas de modo que, quando tocadas juntas, antes de mais nada soem ‘bonito’.

Se você tentar formar um acorde com 3 notas vizinhas ( C - C# - D , por exemplo) verá que provavelmente esse não é um acorde muito usado, já que sua sonoridade é… como direi… trágica. (Experimente em seu instrumento e você verá.) Isso porque essas notas são muito dissonantes entre si.

Se lembrar o que expliquei no post sobre consonância, as notas mais consonantes tendem a ser aquelas que estão mais distantes, no ciclo de notas.

Então, se formos tentar achar outras notas pra formar um acorde com a nota C, quais outras tomaríamos? (Vamos tentar achar outras duas, para formar 3 por enquanto).

A primeira que eu escolheria, claro, seria a quinta, já que é a mais consonante. Ficamos portanto com C-G.

Para a segunda, se tentarmos escolher a segunda nota mais consonante com C teremos um pequeno problema:

Embora o F seja muito consonante com o C, ele é também muito dissonante do G, já que F-G é um intervalo de segunda maior - o segundo intervalo mais dissonante de todos!.Toque-as juntas e verá que não fazem um encaixe 100% redondo. É até um acorde bonito, pra falar a verdade. Mas ele é meio ‘incrementado’, ‘metido a besta’… não acha? (experimente, se tiver com o instrumento por perto!)

Se você comparar ele com a próxima opção que temos, em termos de consonância com o C - a terça - veremos que esse último é beeeem mais encaixado.

Isso porque, ainda que tenhamos pegado uma nota (E) menos consonante com o C que o F, pegamos uma que é até bem consonante com o C e ainda é igualmente bem consonante com o G!

Essa é uma escolha mais equilibrada para a terceira nota. É melhor uma nota que combina relativamente bem com as duas outras que já temos, do que uma nota que combina muitão com uma, mas péssimamente com a outra.

O esqueleto do acorde

Esse é, portanto, o formato básico dos acordes de três notas - as tríades. Escolha uma nota qualquer, pegue a 3a dela, depois a 5a dela, e você tem um acorde de três notas - uma tríade.

Você pode, usando notas de uma escala, formar uma tríade começando em qualquer uma das notas. Por exemplo, a tríade que começa em E, dentro da tonalidade de C (dó maior) seria:

E assim por diante. Tente formar todas as tríades do tom, olhando para o ciclo de notas, pra exercitar um pouco.

Não é difícil, basta pegar a nota que você escolheu (por exemplo, o F), pular uma (G) e pegar a próxima, que é a terça (A); depois pula mais uma (B) e pega a próxima, que é a quinta (C). F-A-C.

Note que, dependendo da escala que você tomar como base, a tríade será um pouco diferente. Se pegarmos a tríade de E nas tonalidades de C e de A, veremos que o acorde será diferente.

Isso porque a terça do E na tonalidade de C é o G natural; e na tonalidade de A é o G#. Em um caso, a terça é maior e no outro é menor. O tamanho exato da terça vai depender das notas que pertencem à escala. Mas nos dois casos, ela é a terça.

Isso reforça o fato que venho repetindo de que as notas da tríade devem ser tomadas dentre as 7 notas de uma tonalidade de referência. Não sobre qualquer uma das 12 notas… Essa compreensão faz TODA a diferença. Invista um tempinho tentando entender isso de uma vez por todas, se você ainda não entendeu. (E se não entender, me pergunte!)

Você pode tentar procurar outras formas para acordes de três notas dentro das 7 notas de uma escala, mas logo vai ver que as possibilidades não são muitas. A gente tenta, tenta, mas acaba se convencendo que vamos sempre cair no 1-3-5.

De um jeito ou de outro, eu aconselho fortemente que você TENTE! A experimentação é a melhor ferramenta que existe para aprender música.

Terça e Quinta de quem?!

A partir de agora, precisamos começar a ter um certo cuidado com o emprego das palavras ‘terça’, ‘quinta’ e etc.

Quando falamos de escalas e tonalidades, usamos esses nomes para nos referir aos graus da escala. Em uma escala de C, a ‘quinta’ é o G.

Mas também usamos esse mesmo termo para dar nome aos intervalos. Na mesma tonalidade de C, existe um intervalo de ‘quinta’ entre o D e o A, por exemplo. Do mesmo modo, temos um intervalo de quinta entre o B e o F. (Neste caso, uma ‘quinta diminuta’, mas isso é uma outra história! )

E agora, pelo mesmo motivo, dizemos que, ao formar a tríade do F, na tonalidade de C, precisamos pegar o A que é a terça, e o C que é a quinta. Note que nesse caso estamos dizendo ‘a terça’ do F, e ‘a quinta’ do F. Tudo dentro da tonalidade de C. Estamos usando como referência a nota do acorde, não a que dá nome à tonalidade.

O mesmo dizemos sobre a ‘tônica’, que é a nota de referência em si. A tônica da tonalidade de C é o C. Mas dentro da mesma tonalidade, a tônica do acorde de F (F-A-C) é o F. Cada uma das sete notas da escala forma uma tríade em que ela mesma é a tônica.

Não é complicado. É uma questão de referência, apenas. Mas é preciso ter um pouco de cuidado e deixar as coisas claras, pois quando a gente está aprendendo, esses detalhes deixam a gente um pouco confuso… E a linguagem musical tradicional é cheia de ambiguidades e pequenas confusões. Basta prestar um pouco de atenção no começo que a gente acaba se acostumando.

Acordes com mais de três notas

Podemos, é claro, formar acordes com mais que três notas.

Quero dizer, três notas diferentes. Quando estamos tocando violão fazemos acordes que usam as 6 cordas e ainda assim são apenas tríades onde algumas notas se repetem (em oitavas diferentes).

O acorde de G clássico do violão, que todo iniciante aprende no começo é formado pelas notas (de cima pra baixo): G-B-D-G-D-G.

Veja bem, tem 3 notas G e duas D! Mas no fim das contas é um acorde super simples. Só o esqueleto. Uma tríade.

Depois das tríades, quatro talvez seja o número mais comum de notas. Acordes com sétima (1-3-5-7) são super comuns; Depois vemos muitos acordes com sexta (1-3-5-6), com quarta e com nona (a nona é a mesma nota da segunda, mas na outra oitava, mais aguda).

Acordes com cinco notas são menos frequentes (com sexta e sétima, por exemplo), mas há até quem use seis notas (diferentes!) em um mesmo acorde. Tudo é possível.

De qualquer modo, saiba que as notas que incluímos nos acordes além da tríade passam a ter um papel mais superficial. O acorde soa diferente com aquela nota, sim. Mas a estrutura do acorde, o esqueleto, aquilo que de fato define a sua relação com os outros acordes e com a tonalidade, são as três notas principais - a tríade.

Para analisar as músicas harmonicamente, para entender a sequência de acordes e conseguir prever os próximos, para improvisar, etc. o que importa é o ‘miolo’ do acorde.

Estruturalmente, tanto faz se você usar um Bm (si menor) ou um Bm7 (si menor com sétima) como acorde de segundo grau, na tonalidade de A. Os dois têm o mesmo papel no ‘discurso’ musical.

próximos passos

Aqui está o próximo post onde analiso a estrutura das tríades que formamos dentro de cada tonalidade - que também conhecemos como campo harmônico.

E em seguida vamos começar a entender ‘pra que serve’ cada acorde…

Estamos começando a entrar na parte boa! =)

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